A community built of books
by Gabriela Roméro
The question of my identity is often confusing. I am Brazilian, I work with humanitarian aid in the corners of the world and I often go to a third country to visit my husband. I move between different cultures trying to find a place where I recognize myself. Who am I when I’m not in Brazil? Life has been showing me some paths in the search for this answer.
One, already in childhood, that literature can be a shelter when we don’t know for sure where we are (literally or not). On the one hand, a safe place from which to look at the world through a window.
On the other, a home where we can see who we are. If literature was already this place of identification in the process from childhood to adulthood, it became stronger when I began to move from one country to another. Books could be a mirror in which I identified what and how I felt.
In my first experiences as an immigrant, another path became clear: I am Latin American. Perhaps it is a clearer certainty for those who, because they share the same language, are used to listening to music, reading books and consuming entertainment produced in other countries of the continent.
This is not the case in Brazil, a Portuguese-speaking continental country surrounded by a sea of mostly Spanish-speaking nations. However, I soon realized that even with my Spanish full of flaws, it was with my Cuban friend that I didn’t need to explain so many of the codes of behaviour that are part of me.
Perhaps these are experiences common to all of us immigrants: the constant search for a balance between where we come from and where we are, a constant reshaping of identity, and the search for a space in which we feel welcomed without constantly explaining ourselves.
And that’s when I found the Latinas in Bristol reading club. Working in countries such as the Democratic Republic of Congo, Ethiopia and now Colombia, I return to Bristol to see my husband with some frequency. However, I had never been able to feel that somehow I was part of a community there. Until the day I discovered that other Latina women like me, passionate about books, trying to find themselves in these various layers of identities that make us as human beings, meet to talk about books. I was sure that I found my community. To be even better, they meet to read other Latin American women like us.
In the meetings, I reflected on the female condition from the perspective of a middle-class girl in Colombia with the book “Abismos”, by Pilar Quintana. I learned a lot about Chile’s history of colonization and violence from the book “Mapocho” by Nona Fernández. Moreover, I learned by listening to the vision of other wonderful Latin American women, who enrich the way I look at these readings and also at myself. It is encounters like this that help us in the endless discovery of who we are and who we want to be in such a vast world. From the meetings, I always leave with the certainty that some books and several incredible Latin American women will continue to help me walk this path.
—————————-
Una comunidad construída de libros
La cuestión de mi identidad es a menudo confusa. Soy brasileña, trabajo con ayuda humanitaria en los rincones del mundo y a menudo voy a un tercer país a visitar a mi esposo. Me muevo entre diferentes culturas tratando de encontrar un lugar donde me reconozca. ¿Quién soy cuando no estoy en Brasil? La vida me ha enseñado algunos caminos en la búsqueda de esta respuesta.
Una, ya en la infancia, que la literatura puede ser un refugio cuando no sabemos a ciencia cierta dónde estamos (literalmente o no). Por un lado, un lugar seguro desde lo cual mirar el mundo a través de una ventana. Por otro, un hogar donde vemos quiénes somos. Si la literatura ya era este lugar de identificación en el camino desde la infancia hasta la edad adulta, se hizo más fuerte cuando comencé a moverme de un país a otro. Los libros podrían ser un espejo en el que identificara qué y cómo me sentía.
En mis primeras experiencias como inmigrante quedó claro otro camino: soy latinoamericana. Quizás sea una certeza más clara para quienes, por compartir el mismo idioma, están acostumbrados a escuchar música, leer libros y consumer entretenimiento producido en otros países del continente.
Esto no sucede en Brasil, un país continental de habla portuguesa rodeado por un mar de naciones en su mayoría de habla hispana. Sin embargo, pronto me di cuenta de que incluso con mi español lleno de defectos, era con mi amiga cubana que yo no necesitaba explicar tantos los códigos de conducta que son parte de mí.
Quizás sean experiencias comunes a todos los inmigrantes: la búsqueda constante de un equilibrio entre de dónde venimos y dónde estamos, una reconstrucción constante de la identidad, la búsqueda de un espacio en el que nos sintamos acogidos sin explicarnos constantemente.
Y fue entonces cuando encontré al club de lectura de las Latinas in Bristol. Trabajando en países como la República Democrática del Congo, Etiopía y ahora Colombia, regreso a Bristol para ver a mi esposo con cierta frecuencia. Sin embargo, nunca había sentido que de alguna manera era parte de una comunidad. Hasta el día en que descubrí que otras mujeres latinas como yo, apasionadas por los libros como yo, tratando de encontrarse en estas diversas capas de identidades que nos conformant como seres humanos, se reunían para hablar de libros. Estaba segura de que había encontrado mi comunidad. Además, se reúnen para leer a otras mujeres latinoamericanas como nosotras.
En los encuentros reflexioné sobre la condición femenina desde la perspectiva de una niña de clase media en Colombia con el libro “Abismos”, de Pilar Quintana. Aprendí mucho sobre la historia de colonización y violencia de Chile con el libro “Mapocho” de Nona Fernández. Más que todo, aprendí escuchando la visión de otras mujeres latinoamericanas maravillosas, que enriquecen la manera en que veo estas lecturas y también a mí misma. Son encuentros como este los que nos ayudan a descubrir quiénes somos y quiénes queremos ser en un mundo tan vasto. De las reuniones, siempre me voy con la certeza de que algunos libros y varies mujeres latinoamericanas increíbles continuarán ayudándome a recorrer este camino.
—————————-
A comunidade que os livros constroem
A questão da minha identidade é muitas vezes confusa. Sou brasileira, trabalho com ajuda humanitária nos rincões do mundo e vou com frequência a um terceiro país para visitar meu marido. Transito entre diferentes culturas buscando encontrar um lugar em que me reconheça. Quem sou quando não estou no Brasil? A vida foi me mostrando alguns caminhos na busca por essa resposta.
Um, já na infância, de que a literatura pode ser um abrigo quando não sabemos ao certo onde estamos (de maneira literal ou não). Por um lado, um lugar seguro de onde olhar o mundo através de uma janela. Por outro, um lar onde enxergamos quem somos. Se a literatura já era esse lugar de identificação no amadurecimento da infância para a vida adulta, isso se tornou mais forte quando comecei a me mudar de um país a outro. Os livros podiam ser um espelho em que eu identificava o que e como me sentia.
Nas primeiras experiências como imigrante, outro caminho ficou claro: sou latino-americana. Talvez seja uma certeza mais clara para quem, por compartilhar o mesmo idioma, está acostumado a ouvir músicas, ler livros e consumir entretenimento produzido em outros países do continente. Isso não acontece no Brasil, um país continental que fala português cercado por um mar de nações que falam em sua maioria espanhol. Porém, logo percebi que mesmo com meu espanhol cheio de falhas era com a amiga cubana que eu não precisava explicar tantos dos códigos de comportamento que fazem parte de mim.
Talvez essas sejam experiências comuns a todos nós imigrantes: a constante busca por um equilíbrio entre de onde viemos e onde estamos, uma reconstrução constante da identidade, a busca por um espaço em que nos sintamos acolhidos sem precisar nos explicar constantemente.
E foi aí que encontrei o clube de leitura das Latinas in Bristol. Trabalhando em países como República Democrática do Congo, Etiópia e agora Colômbia, volto a Bristol para ver meu marido com alguma frequência. Porém, nunca tinha conseguido sentir que de alguma forma eu era parte de uma comunidade. Até o dia em que descobri que outras mulheres latinas como eu, apaixonadas por livros como eu, tentando se encontrar nessas várias camadas de identidades que nos compõe como seres humanos se reuniam para falar sobre livros. Foi a certeza de que eu encontrei a minha turma. Para ser ainda melhor, se juntavam para ler outras mulheres latino-americanas como nós.
Nos encontros, refleti sobre a condição feminina a partir da visão de uma menina de classe média an Colômbia com o livro “Abismos”, de Pilar Quintana. Aprendi muito sobre a história de colonização e violência do Chile com o livro “Mapocho”, de Nona Fernández. Porém, mas que tudo, aprendi ouvindo a visão de outras mulheres latino-americanas maravilhosas, que enriquecem a maneira como olho para essas leituras e também para mim mesma. São encontros assim que nos ajudam an descoberta interminável de quem somos e quem queremos ser num mundo tão vasto. Dos encontros, saio sempre com a certeza que alguns livros e várias mulheres latino-americanas incríveis seguirão me ajudando a trilhar esse caminho.